Territórios tradicionais de vida e as zonas de sacrifício do agronegócio no Cerrado
Palavras-chave:
Pradaria. Agricultura industrial. Comunidades rurais. Saúde.Resumo
A imensa sociobiodiversidade do Cerrado brasileiro pode ser compreendida a partir dos modos de vida construídos pelo amplo leque de povos e comunidades tradicionais em suas relações com o bioma, do qual são guardiãs. Nas últimas décadas, projetos de desenvolvimento promovem ali acelerado avanço do agronegócio, expropriando terras, privatizando águas, contaminando o ambiente e ameaçando ou inviabilizando modos de vida tradicionais. Neste ensaio, partimos da percepção de mulheres de Campos Lindos/TO, sobre as consequências trazidas às suas vidas e saúde por empresas produtoras de soja. Em seguida questionamos a constituição do Cerrado como zona de sacrifício do desenvolvimento brasileiro, ao concentrar terras para a produção de 75% de quatro commodities agrícolas, desmatar mais de 50% da vegetação nativa, exaurir aquíferos e levar rios à morte, contaminar o ambiente com 73,5% dos agrotóxicos consumidos no Brasil, trazendo implicações para o processo saúde-doença (como intoxicações agudas, más formações, cânceres, desnutrição, adoecimento mental) e para outros biomas do Brasil e países da América do Sul. Concluímos perscrutando alternativas na perspectiva dos comuns, do decrescimento, dos direitos da natureza e do bem viver, instigando reflexões da Saúde Coletiva e Agroecologia sobre a contribuição dos saberes e fazeres tradicionais à saúde e à emancipação humana.
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